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quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Trabalhos de Penélope




Não é novidade para ninguém, neste espaço, e em todos os que colaboro, de que a "Coisa" está a chegar ao fim, e está.
Antes de mais, os parabéns a todos os colegas da Blogosfera, que têm permitido que a Estrutura cada vez mais apresente fissuras de pré-colapso (Sr. Sócrates, isto é linguagem de Engenharia...)


Nós, Blogonautas, somos as novas Penélopes do Tempo Presente.

Aquilo que as multidões de assessores, de manipuladores de opinião, de jornalistas desonestos, a quem basta fazer um telefonema, para remeter o tema para o fundo da página, de cavalheiros potentados e portentosos, de gente que finge esbravejar no Parlamento, para à noite, se sentar, lado a lado, à mesa do mesmo restaurante caro, e casar entre filhos, no domingo seguinte, os Balsemões que pagam o que se deve escrever, os Ministros que colocam os irmãos a dirigir equipas de redacção televisiva, as Clarinhas que gatafunham crónicas do "está-quase-mau", de há vinte anos para cá, os "Eixos-do-Mal-(Sistema)", os alcoólicos do Restelo, que são chamados, de quando em vez, para dizerem umas baboseiras que toda a gente sente, pois-então-antes-o-que-está, as trituradoras de lixo, de beiça grossa, que sentam, à média-luz, todos os detritos culturais que esta sociedade doente vai produzindo, as Donas da Rua televisivas, que são casadas com Autarcas poderosos, as senhoras de reputação duvidosa, que acham "interessante" o Pinto da Costa, e depois vão para Londres, como... Conselheiras Culturais (!), ah, sim, depois de também, pasme-se, até para a Gulbenkian terem trabalhado (!), enfim, todo o afanoso trabalho que estas formiguinhas fazem, para manter de pé uma insustentável máquina, o Esqueleto da Cauda da Europa, todo este afanoso trabalho, que é muito, e nos sai fantasticamente CARO, todo este trabalho é destruído, dia após dia, noite após noite, pelas Penélopes da Blogosfera.
Nós não queremos casar com o Sistema, e o Ulisses por que ansiamos nunca mais chega.
Caros leitores e colaboradores. Caros afanosos criadores de imagens -- Kaos acima de todos -- e tecladores de textos minuciosos, criadores de aforismos e anedotas, redactores de pequenas bombas-relógio, "postadores" e comentadores, anónimos, pseudónimos e heterónimos, nas nossas mãos -- e são muitas -- está a Transformação, e a transformação não passa apenas por aqui: para que, na Atmosfera, um Marcelo sobreviva tanto tempo é porque, na sombra, estiveram a ser trituradas camadas e camadas de comentadores objectivos. Para que a Maria Elisa se perpetue, há massas imensas de excelentes jornalistas que são impedidos de abrir a boca. Para que as Caras Conhecidas assegurem as Direcções dos Pasquins de serviço, é necessário que multidões de gerações, técnica e eticamente muito melhor preparadas, estejam a ser descarnadas em vida, para serem impedidas de investigar a VERDADE.
Ontem, ao encontro do Kaos e da Kaotica, passou-me pela cabeça uma coisa grave, que um amigo meu costuma repetir: em desespero de causa, os Governos carregam sempre sobre os mais fracos. Está em todos os tratados, e, deste feita, mais uma vez: são as permanentes rusgas em bares, as internináveis operações-stop, no pouco tempo em que as pessoas têm para se livrarem do sufoco semanal, os exércitos de polícias atrás de um ridículo ladrão, os cercos de aparato aos bairros problemáticos, para apanharem duas cuecas de cano alto e três pistolas de cano baixo, os habituais pacotinhos de haxixe, a mãozita cheia de cocaína apreendida, a Esmeralda do entretém, o golo do Mantorras, as agonias do "Manchester", em vez de carregarem sobre os gabinetes dos Notáveis, os cofres blindados, onde estão as provas das Conexões do Sistema, os Envelopes 9, 10, 12., 13, o Infinito Envelope, onde tudo isto está guardado, o Tráfico da Droga, das Armas, das Pessoas, e quem o mantém e se senta no(s) sucessivos Governo(s), e enquanto escorrem estes "fait-divers", que apenas querem acrescentar o Medo, enquanto, por todo o lado, já se pôs a bambolear um cavalheiro, que ostenta na mão, não um, mas um punhado de certificados, com notas varíaveis -- a sua Licenciatura assemelha-se às "Quatro Estações" do Veneziano: um timbre para cada época -- e, enquanto isto acontece, também a figura mais alta da Nação, diz que se "trata de uma assunto não-prioritário" (!).
É a versão cavacal da "não-notícia".
É curioso que Cavaco fale assim, mas só curioso para quem não conheça a peça: o Cavaquismo foi o berço maior de todos os pequenos Sócrates de hoje, o tempo áureo em que Portugal se banhava nos Fundos Comunitários, mas só alguns saíam de lá com ar de ter tomado banho. Continuamos com a população mais fracamente instruída do bando civilizado da Europa, com a maior mancha de pobreza, e com os Cristianos Ronaldos e os Mourinhos a facturarem, sem ter de mexer um neurónio, na espantosa e descarada plataforma de branqueamento de capitais que é a Teia Futebolística.
O Cavaquismo esteve cheio de pequenos sócrates, de gestores do Cambalacho, foi o berço dos Valentins Loureiros, dos Isaltinos, das Privadas, a era do Canudo Acelerado, dos Desvios, do Galope da Droga, dos Ferraris, dos Ministros inocentes e indultados.

É normal que, para Cavaco, em fim de carreira, e chegado, como já várias vezes aqui disse, ao Topo da ... Base, ao horizonte dos seus pequenos sonhos, seja normal que haja um boneco de lata, que, finalmente esteja a conseguir pôr em prática toda a impiedade e a destruição nacional com que sempre sonhou, e, desta vez, sem ter de sujar as mãos. Basta assinar por baixo.

Cavaco e Sócrates, são, neste preciso instante, a hipóstase das duas faces da Moeda do Regime.

O apelo é claro: ninguém nos paga para que façamos o trabalho que fazemos. Apenas queremos viver num país que possa ser considerado europeu. Nestes últimos dias, a Blogosfera parece ter rompido os tampões e as mordaças, que, nas redacções, impediam as gerações mais jovens de jornalistas de atacar os Tigres de Papel, que, lá dentro os sufocam, e tentam... normalizar.


Pode ser que tenhamos chegado ao limiar de um novo estado de coisas, mas isso é o mero optimismo de um meio-dia solar de Domingo.


A ver, veremos.
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