Olhando para o meu "Burberry", faltam exactamente 22 horas e 5 minutos para a Universidade Independente fechar as suas portas.
Escrevo, pois, aqui, com a dor de um condenado do Corredor da Morte.
Como Poeta, é verdade que gostaria de saber o último desejo dessa gloriosa instituição.
Talvez, como Saddam Hussein, berrasse, "Go to Hell!...", talvez, romanticamente desejasse nunca ter nascido; talvez, estoicamente, como o Lino, das Obras Feitas, acreditasse num milagre do Último Segundo; talvez, pragmática, gostasse, depois de cremada e transformada num cenotáfio, ter, como lápide, as suas notas mais gloriosas, quais Tábuas da Lei, e falo aqui das classificações das Cadeiras nela honrosamente cursadas por José Sócrates: tudo altas notas, e a altas velocidades, como aquele T.G.V. Francês, que, mais uma vez nos veio relembrar a perpétua Cauda da Europa em que permanecemos.
Ao pé do monumento, cada qual, entre intermináveis lágrimas e flores na mão, por lá passarão os que por lá deambularam, entre Docentes e Acelerados, "Armando Vara, também socialista, que lá concluiu o Curso de Relações Internacionais, três dias antes de ser nomeado para a Administração da Caixa Geral de Depósitos. Pelo Centro de Estudos de Televisão, dirigido por Emídio Rangel, nomes como José Alberto Carvalho, Ana Sousa Dias, Catarina Furtado, Margarida Marante, Júlia Pinheiro, Teresa Guilherme, Manuel Luís Goucha e Baptista-Bastos. A modelo Bárbara Elias, a ex-miss Portugal Fernanda Silva e o cantor Axel, que também passaram pelas cadeiras da UnI, como estudantes do curso de Ciências da Comunicação. O secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, Rui Nobre Gonçalves, que lá deu aulas, tal como o assessor do ministro da Saúde, Miguel Vieira. Os nomes de Alberto João Jardim, Joaquim Letria ou Filipe La Féria, que também também estiveram ligados à Universidade Independente, como professores", e obviamente, o demitido Narciso, justamente, quando estava a terminar a SUA Licenciatura...
Olhando para isto, fica-se com uma sensação, sei lá, muito séc. XVIII, muito... Casanova, muito "Hameau de la Reine". Afinal, a "Independente" era uma nobre casa, onde muy nobres gentes iam pôr, e retirar, alguns "Grains de Beauté", para que os seus gentis fácies melhor corressem no enorme Palco das Vaidades do tempo presente.
(Há uma segunda série, a dos P.A.L.O.P.s, mas o pudor leva-me a ignorá-la, pois prefiro os perfumes da Lamballe e da Polignac às Catingas do Bié...)
Por último, uma palavra de carinho para Fernanda Câncio, que, ao contrário dos outros, que queriam acelerar habilitações e percursos de vida, luta, desesperadamente, para que não apaguem a sua entrada na "Wikipédia". Acho injusto, para uma mulher de vida tão vasta e rica, que os seus longos pergaminhos possam ser delidos em 6 dias.
Para todos efeitos, sempre é matéria de sorte: ao contrário da "Independente", a Lógica do Corredor da Morte deu-lhe uma folga de mais 6 dias.
É só saber vivê-los, moça!...