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quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Hoje jantei com os lindos olhos de Mariano Gago e discutimos o fim da "Independente"



Mariano Gago convidou-me hoje, para o nosso tradicional Jantar de Páscoa. Amanhã é tolerância de ponto na Função Pública, e sei quanto lhe vai custar, entrar pelo Palácio das Laranjeiras dentro, aquele som do "tac", "tac", "tac" no soalho envelhecido, nem um porteiro para o receber, nem um assessor, nem uma secretária, ele, sozinho, com o fundo garrafal dos seus óculos, a sentar-se, numa semi-penumbra, para assinar o epitáfio da Universidade "Independente".
Deus quis, a
Ferreira Leite sonhou, o Cavaco anuiu, os diamantes de Angola pagaram, e o Gago enterrou.


Hoje, não me apetecia nada aquela treta do Pâté de Andorinha, mas ele adora, diz sempre que não é uma andorinha que traz a Primavera, aliás, citando Aristóteles, e que não vai ser o encerramento de uma Privada que arrastará o encerramento de todas. Aí, eu, que até nem sei assobiar, comecei a assobiar para o ar um tema muito antigo, do tempo do meu pai, "A Mula da Cooperativa, ai, a Mula da Cooperativa, ai, deu três coices, etc...", e depois fiquei muito corado, porque o restaurante estava cheio de Assessores, todos licenciados nas Privadas, alguns já Mestres, e bastantes quase Doutores, médias altas e a ganharem tanto como eu, enfim, gente de bem, e eu a dar ali escândalo...
Enquanto acabávamos o "João Pires" -- 2ª Garrafa -- ele olhou discretamente para o relógio,
e eu, está quase, não é?...,
e ele,
... pois...

Era a fatídica Quinta-Feira Santa da decisão, que se aproximava, com o rodar daqueles ponteiros caros, na direcção da Meia-Noite.

Então, "Suddenly First Sound", a Cúpula de Santa Engrácia começou a dar as 12 badaladas, e, de cada vez que uma soava, os seus lindos olhos contemplavam os meus, pobre olhos de tísico, acho que, "ambos os dois" a ver quem se transformava primeiro em abóbora...
Confesso -- mas deve ser freudiano -- sempre considerei Mariano Gago o Sapo Encantado da minha vida, os óculos, a mente maquiavélica, conselheira de Maria de Lurdes Rodrigues, o magnífico clavicórdio que tem por detrás dos lábios grossos, e, à medida que o dia seguinte começava, mais sentia eu aquela pulsão, aquela afinidade electiva que me dizia que estava, perante mim, o homem involuntário que ia abrir a Boceta de Pandora do Fim do Socratismo.
Estávamos nós nisto, no ver que não ver quem se transformava primeiro em abóbora, toca-lhe o Nokia, e ele, pálido, a ouvir uns gritos estridentes, andróginos, do outro lado, nos quais, imediatamente, apesar de ser surdo como Beethoven, reconheci o timbre cuidado da voz do nosso futuro ex-Primeiro-Ministro.
Era Sócrates, a cantar-lhe a "Marselhesa" aos ouvidos.
Desligou,
e eu,
e então?...
E aproximei-lhe o Santo Graal da mão,
toma bebe, Judas não está aqui, graças a Deus,
e ele,
Pai por que me abandonaste?...,
e eu,
está, então, tudo consumado?...

Eli, Eli, Sabacthani!...


(Cruzes, canhoto, um toque novo da Vodafone!...)

E chorou, juro-vos, defronte dos meus olhos, choraram os lindos olhos de Mariano Gago.

Até a garganta se me aperta, só de vos escrever isto, juro...
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