terça-feira, 7 de agosto de 2007

Mea Culpa




Hoje, dei comigo a pensar em duas gravíssimas culpas que carrego ao colo: a primeira, a de ter ouvido, no meio de uma retórica vazia, um tal de Senhor José Sócrates, natural de Vilar de Maçada, prometer que ia transformar este pequeno recanto de sol numa democracia avançada, quer política, quer social, quer economicamente...
Nessa noite, um dos dois devia estar alcoolizado, e suponho que tenha sido eu, já que -- mea culpa -- contribuí, a par com uma enorme multidão de ingénuos portugueses, para colocar no Poder o duvidoso cidadão José Sócrates.


A "Democracia Avançada" do vilar-maçadense traduzia-se, afinal, em retirar aos seus compatriotas coisas que outrora, num outrora muito recuado, Salazar tinha concedido, e Salazar não era de dar o que quer que fosse, a quem quer que fosse.


Assim foi que, poucos meses tivessem chegado para que me tivesse de refugiar, com todos os meus pares nesta nova Meseta de Massada -- daqui saúdo os restantes braganza-motherenses, redactores, colaboradores e leitores!... -- para exercer, em pleno, o
Artigo 21.º da Constituição da República Portuguesa, o chamado "Direito de Resistência", que reza o seguinte: "Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública."

O trabalho deste blogue é o de cumprir, escrupulosamente, o Artigo 21.º da nossa Constituição, e creio que, modéstia à parte, se tem tem saído bastante bem.

O segundo "mea culpa" da minha vida recente não é tão "mea culpa" assim, antes correspondeu a um acto premeditado, e a uma jogada política minuciosamente calculada, que correspondia a ter de escolher, entre dois hipotéticos vencedores, Carmona e Carrilho, aquele que deveria gerir a maior aldeia de Portugal.


Quanto a Carrilho, já creio ter dito tudo, aliás, tudo o que aqui posso dizer, é que ele não é senão uma ponta de um terrível "icebergue" que um dia destes reemergirá. Para quem queira saber mais, aconselho uma releitura de Lombroso e de todos os especialistas de Criminologia do séc. XIX: já lá estava tudo, pelo que, naquele dia de sol, o salve-se-quem-puder se chamou, para mim, Carmona Rodrigues.
Confesso que fiquei satisfeito: o discurso de derrota de Carrilho, com aquelas faíscas de luz negra, aquela bílis autofágica, aquele canibalismo mal contido pelos fatos Dunhill e as camadas de batôn da cróia que o ladeava foram um dos momentos de maior alívio da minha vida, e uma das mais sinceras gargalhadas que soltei na minha existência.
Mais propriamente, fizeram-me lembrar, quando, na Branca de Neve, a Bruxa Má explodia, no fim, numa espessa nuvem de fumo preto, e o Mal terminava.


Não terminou.


Há, porém, uma coisa chamada Tempo, que é a estranha Entropia da Física, e o Tempo levou a que, depois destes últimos episódios de permanente desastre que tem sido a vida política portuguesa, se tivesse assistido, nesta mesma noite, a um primeiro sinal de que qualquer coisa pode, e deverá acontecer: a figura menor, que todos ridicularizamos, o actual líder do P.S.D., deu uma jogada magistral, ao declarar ser tempo de realizar eleições intercalares para a Câmara de Lisboa.


Para os metaleitores do Tempo e infatigáveis jogadores de xadrez, como eu, Borges e a Morte, de Bergman, foi feito um claro Xeque ao Rei. O próximo, estranhamente, será dado por aqueloutro a quem também já atirámos tantas pedras, o Zé Povinho da Madeira...


Quanto ao Cidadão José Sócrates, é bom que a Comunicação Social se apresse a movimentar, para evitar que seja ultrapassada pela terrível corrente de lava, que já corre por toda a Net, a favor da defesa da Dignidade Nacional e do impedimento de vexames continentais sobre nós e os nossos compatriotas: o tempo de termos vergonha de ser Portugueses terminou, a Presidência da União Europeia está à porta, e, como é sabido, não se compadece nem com manter artificialmente vivo Sócrates, nem com quaisquer outras cosméticas internas da Merdaleja.


Muito boa noite.
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